quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mulheres ganham espaço na mineração

Mão de obra feminina na Vale cresce 28% em 2011; elas são 12,3% dos funcionários da maior mineradora do país. Com avanço da tecnologia, estigma do setor como trabalho somente para homens vai ficando para trás

| Pedro Soares | Rio, 8/7/2012  | Folha de S.Paulo |

Quando ingressou no curso de engenharia de minas, na Universidade Federal da Paraíba, Lúcia Oliveira, 36, tinha duas colegas de turma, mas foi a única mulher a receber o diploma.

Da Paraíba, mudou-se para o Pará e, há dez anos, empregou-se num projeto de cobre da Vale, onde hoje é gerente de planejamento de mina, com uma equipe de 53 pessoas - 90% homens.

De lá para cá, ela conta que a realidade mudou muito: o estigma da mineração como um trabalho exclusivamente masculino começa a cair por terra e mais e mais mulheres buscam um emprego no setor. "Tinha até o mito que mulher dava azar em mina. Isso já não existe mais."

Em 2011, a força de trabalho feminina da Vale cresceu 28%, acima da expansão total do número de empregados (7,4%). Apesar de ganharem espaço nos quadros da empresa, elas ainda representem só 12,3% do total -em 2009, eram 10%.

O crescimento ocorreu em todas as categorias profissionais, inclusive em cargos de gerência e mesmo nos de operação. Um exemplo é da operadora de motoniveladora (equipamento pesado que nivela o solo) Leidiane Fernandez, 30.

"Sempre gostei de dirigir caminhões. Comecei com caminhão-caçamba e fiz treinamento para outras máquinas. Mas confesso que fui atraída também pelos melhores salários e pela estabilidade no emprego", afirma ela, cuja meta é dirigir os imensos caminhões-fora-de-estrada, usados para movimentar volumes gigantescos de terra em minas a céu aberto.

Para o consultor José Mendo, o avanço tecnológico e a automação dos equipamentos abriram espaço para as mulheres na mineração. "Os sistemas são hidráulicos ou computadorizados. Antes, só um homem forte conseguia manobrar um caminhão."
Mendo diz que o fato de os salários na mineração serem mais altos do que em outras ocupações típicas de mulheres (como as de comércio e serviços) também atrai o público feminino.

Até agora, diz a Vale, o crescimento da presença feminina na companhia foi espontâneo. Mas a mineradora começa a trabalhar num programa para qualificar e ampliar a mão de obra feminina.

PRESIDÊNCIA GLOBAL

A Anglo American já faz isso e contabiliza 37% de mulheres entre seus empregados na área de minério de ferro no país. No mundo, elas são 14% da força de trabalho da companhia -a mais "célebre" é a presidente global, Cynthia Carroll.

Em 2013, quando o projeto Minas-Rio (mina, mineroduto e terminal portuário no porto do Açu, norte fluminense) entrar em operação, a companhia pretende contratar mais 300 mulheres, das 1.200 vagas previstas.

"O objetivo é mapear, atrair e manter a mão de obra feminina. Preferimos mulheres para cargos como o de operador de usina de beneficiamento e soldador. Elas têm mais habilidades manuais e uma atenção mais concentrada do que a dos homens", afirma a gerente de RH do projeto, Claudiana Silva.

Leidiane Fernandes, operadora de motoniveladora
na mina de Tamanduã, explorada pela Vale em Nova Lima (MG)
FRASES

"Tinha até o mito que mulher dava azar em mina. Isso já não existe mais"
Lúcia Oliveira, 36, gerente de planejamento de mina
"Sempre gostei de caminhões. Fui atraída também pelos melhores salários e pela estabilidade no emprego"
Leidiane Fernandez, 30, operadora de motoniveladora


http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1116928-mulheres-ganham-espaco-na-mineracao.shtml

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